segunda-feira, 21 de julho de 2014

Os 10 principais desvios ideológicos dentro do movimento revolucionário e popular

Artigo do cientista social e mestrando em História, Rodrigo Dantas, sobre os dez principais desvios que atentam contra a luta popular no seio do movimento revolucionário, e precisam ser, internamente, identificados e combatidos, sob a vigilante disciplina revolucionária.

Desde os tempos de Marx e Engels os revolucionários científicos travaram uma tenaz e decidida luta contra as concepções idealistas e metafísicas presentes no movimento operário. O surgimento do materialismo dialético e histórico criou uma ruptura indissolúvel entre os revolucionários que baseiam sua atuação e suas ideias na realidade material e objetiva, e aqueles que, se dizendo revolucionários, trabalham em cima de concepções tão concretas como o vácuo.

Mesmo após a vitória incontestável das posições científicas dentro do campo revolucionário, seus inimigos não se deram por vencidos, e a luta de ideias persistiu dentro dos movimentos populares. Com novas roupagens, seus adversários acusavam os marxistas fiéis a dialética e às posições revolucionárias de “atrasados”, embora seus argumentos a muito já tivessem sido postos ao ridículo. Foi então a vez de Lenin, que com todo seu brilhantismo e conhecimento, deu um novo golpe as concepções revisionistas dentro do marxismo, assim como nas concepções filosóficas idealistas que, se dizendo como “modernas”, nada mais eram que as velhas e atrasadas posições pequeno-burguesas que Marx e Engels combateram. Assim, o marxismo-leninismo se converteu na principal arma dos revolucionários contra os desvios ideológicos, tanto de esquerda como de direita, sendo seus princípios plenamente atuais pois se constituem em leis objetivas, sendo sua plena assimilação e aplicação essenciais para o entendimento da realidade e do desenvolvimento material e espiritual das sociedades. Só a partir delas que é possível conhecer e efetivamente transformar o mundo em que vivemos: “A luta ideológica, como uma das formas mais complexas e duras da luta de classes, é uma luta de morte entre a nossa ideologia e a ideologia inimiga, estranha ao socialismo, entre o novo e o velho, entre o que é revolucionário e o que é reacionário” (HOXHA, s.d.)01.

Porém, a superação destes problemas teóricos está longe de demandar questões unicamente teóricas. Mesmos derrotados na argumentação científica, os desvios ressurgem incessantemente pois nascem das contradições objetivas existentes na sociedade. Cabe ao movimento revolucionário não apenas derrotar na teoria, mas também na prática cotidiana, todas as concepções equivocadas:
A resolução das contradições teóricas somente é possível através de meios práticos, somente através da energia prática do homem. Sua resolução não é, de forma alguma, portanto, apenas um problema de conhecimentos, mas um problema real da vida, que a filosofia foi incapaz de solucionar exatamente porque viu nele um problema puramente teórico (MARX, 1844)02.

Portanto, não adianta apontarmos os desvios ideológicos, denunciarmos suas concepções não-científicas e prejudiciais à luta, se não os derrotarmos na prática militante. É preciso mostrar no dia a dia da luta revolucionária, tomando como base o aprendizado da experiência empírica, os exemplos vivos destes desvios e onde eles se manifestam, elucidando seus efeitos nocivos para o exercício de uma análise correta de dada situação e o emprego consequente de uma tática vitoriosa. Lutar contra os desvios ideológicos dentro do campo revolucionário é para nós, pois, tarefa de primeira ordem, essencial para nos mantermos no caminho correto e termos sucesso em nossos objetivos.
A luta da ciência materialista de vanguarda contra as teorias subjetivistas e as demais teorias idealistas é, em suma, uma das expressões da luta implacável que a história vê desenrolar-se entre as classes, entre a classe operária e a burguesia, entre o socialismo e o capitalismo. Para defender seus interesses de classe, a reação imperialista, sob a égide da burguesia americana, utiliza qualquer teoria reacionária idealista, obscurantista, por mais insignificante, desde que ela sirva à sua luta contra o materialismo (ZHDANOV, s.d.)03.

Em que afinal consistem tais desvios?*

1 - Primeiramente, os inimigos da realidade objetiva lutam, obviamente, contra a própria realidade objetiva. Procuram mascarar a realidade trabalhando em cima de questões secundárias, ignorando ou até mesmo combatendo o debate em torno das questões principais. Em seus desejos de impedir a chegada ao cerne das questões fundamentais, manifestam todo o tipo de desvios reunionistas e assembleistas, prolongando-se em infindáveis discussões. Negam, ou relativizam, a centralidade universal da luta de classes, dificultando ou atrasando o desenvolvimento da consciência de classe do proletariado. Acreditam na fórmula idealista de “ressignificação” de conceitos (como se a mudança no que se quer dizer com determinada palavra pudesse objetivamente mudar seu significado concreto no seio do povo, por pura vontade de alguns!) e costumam defender (de forma consciente e premeditada ou não) que mudanças na escrita e na fala seriam primordiais para o avanço da “conscientização” – mas que na prática representam claramente o aumento da confusão entre os trabalhadores. A estes inimigos do proletariado, chamamos de diversionistas, pois ao subverter a ordem dos problemas, confundindo o principal com o secundário, terminam, pois, de fazer um grande serviço as classes dominantes para desviar as massas do caminho revolucionário, procurando assim guiá-las para caminhos reformistas ou até mesmo contrarrevolucionários. “Substituir o concreto pelo abstrato é um dos pecados capitais, um dos pecados mais perigosos numa revolução” (LENIN 1917)04.

2 - Em segundo lugar, os adversários da revolução e da ciência procuram dividir e causar a maior segregação possível entre o movimento operário e popular. É bem sabido que não é possível realizar uma revolução sem bastante união entre os explorados e oprimidos, e por isso a bandeira fundamental dos revolucionários científicos sempre foi a bandeira da unidade. Realizar o máximo esforço possível para garantir a unidade operária e popular contra seus inimigos, as classes dominantes, que certamente se unirão com afinco para combater a revolução. Neste sentido, os inimigos da revolução proletária, com trajes “modernos” e linguagem “revolucionária” sempre tentaram fazer o possível para semear a confusão e a divisão nas fileiras proletárias. Estimulando o regionalismo, exaltando a etnia, a cor, religião ou até mesmo o sexo, estes segmentos nunca mediram esforços para tentar disfarçar seus reais objetivos, que é dividir a classe trabalhadora no maior número de “guetos” possíveis, com o fim de facilitar sua derrota para a reação. Chamamo-los de divisionistas. Não contentes em contribuir para semear a divisão nas fileiras da classe operária, os divisionistas via de regra procuram solapar a própria unidade partidária, formando frações e tendências e não medindo esforços para cindir o coletivo, taxando irresponsavelmente os que discordam de sua fraseologia esquerdista de “oportunistas” ou “vendidos”. A palavra unidade para estes senhores, não passa de uma palavra vazia, não compreendendo sua real importância e zombando dela toda vez que escutam seu nome. Em suma, objetivam dividir as fileiras da revolução, o que obviamente só favorecerá aos inimigos da revolução. Lutar pela unidade da classe operária e das fileiras da revolução é um dever sagrado de todo revolucionário. E combater a fragmentação no movimento revolucionário não pode ser realizada sem travar uma dura e decidida luta contra os divisionistas, tanto externamente quanto, e até sobretudo, internamente.
Lutando pela unidade da classe operária, lutaremos ao mesmo tempo com uma energia e uma intransigência cada vez maiores pela unidade interna dos nossos partidos. Não pode haver lugar, nas nossas fileiras, para frações, para tentativas de fração. Quem quer que procure violar a unidade de ferro das nossas fileiras por uma ação fracionista aprenderá por si próprio o que significa a disciplina bolchevique (DIMITROV, 1935)05.

3 - Outros notórios inimigos da revolução são os idealistas e relativistas. Idealistas porque, quando lhes convém, usam hipocritamente de conceitos universais e fechados em si mesmos, sendo deterministas ao extremo. Mas quando também lhes convém, agem cinicamente bradando em prol da “flexibilização”, chamando de “ortodoxos” os que se mantêm na tradição revolucionária científica. Nos dias atuais, ganharam ainda mais força devido à queda da URSS e do bloco socialista no leste europeu e à ascensão das teorias pós-modernas a partir dos anos 60 e 70. Com grande frequência os idealistas e relativistas também costumam argumentar, tal como os diversionistas, que não existem verdades objetivas. Sem qualquer vergonha, esbravejam contra as concepções materialistas, defendendo um subjetivismo rasteiro. Estes segmentos costumam também simplesmente inverter a ordem hierárquica entre forma e conteúdo. É evidente para os revolucionários científicos que o conteúdo é muito mais importante que a forma. Por exemplo, o conteúdo da essência da mais-valia que caracteriza o pilar da exploração capitalista é muito mais importante que as diversas formas que ela adquire em cada país, ou até mesmo cidade ou fábrica particular. Do mesmo modo o conteúdo de uma revolução vale muito mais que a forma em que ela é feita. Entretanto, para semear a confusão, estes segmentos reacionários procuram inverter algo tão simples e racional, alegando que a forma é tão importante quanto o conteúdo, ou até mesmo que é superior a este. Qual a finalidade de procurar combater um método de análise tão óbvio, natural e científico? Simples. Ao se fazer isto, eles procuram confundir os revolucionários em intermináveis discussões acerca da forma, que nada mais representa que não a superfície externa das ideias, obscurecendo assim seu conteúdo. Ora, é muito mais difícil contestar o conteúdo de ideias revolucionárias que suas formas aparentes. Sem conseguirem vencer qualquer debate profundo neste campo, partem para o terreno onde lhes é menos doloroso e que podem obter alguns sucessos, o campo das formas e das ideias deslocadas do conteúdo e da realidade concreta, o campo dos mais minuciosos detalhes insignificantes para que se evite (ou ao menos se tenha menos tempo para) discutir e debater acerca da natureza dos fenômenos sociais.
Todos os conhecimentos procedem da experiência, das sensações, das percepções. Bem. Mas é o caso de se perguntar se a realidade objetiva “pertence ao domínio da percepção”, ou, noutras palavras, se constitui a sua fonte. Se vossa resposta a essa questão é pela afirmativa, sois materialista. Se é pela negativa não sois consequente e chegareis inelutavelmente ao subjetivismo, ao agnosticismo, e negareis o conhecimento da coisa em si, a objetividade do tempo, do espaço e da causalidade (LENIN, 1909)06.

4 - Os reformistas e revisionistas, também conhecidos pela alcunha de “pelegos” ou, simplesmente, oportunistas, são declarados inimigos da revolução, e por isso é até mais fácil combatê-los ideologicamente que outros segmentos. Entretanto, na realidade concreta da luta, eles contam não raramente com o apoio de importantes setores institucionais e costumam gozar historicamente de grande influência nos movimentos operários em tempos de paz. Seus quadros dirigentes, muitos dos quais antigos revolucionários que mudaram de lado, são experimentados e sabem falar a linguagem do povo. Costumam frequentemente defender a “revisão” dos métodos tradicionais de luta, assim como dos princípios chaves da luta revolucionária. Abusando das argumentações de que seria necessário que os movimentos populares “se adaptem” aos novos tempos, taxando os grupos que se negam a trair a causa do proletariado de “ortodoxos”, tais senhores procuram camuflar suas reais intenções arrivistas e espúrias com estas falácias argumentativas, como se suas linguagens, conceitos, métodos e senil covardia já não fossem historicamente conhecidas e desmascaradas pelo movimento revolucionário. Possuem ideias e ilusões anteriores ao próprio socialismo científico, e que foram inclusive destroçadas por ele, mas insistem em “alertar-nos” das mudanças ocorridas na sociedade ao longo dos anos. Como se o sistema atual tivesse mudado a tal ponto que, uma revolução não passaria de uma palavra oca a sair da boca de aventureiros. Assim, o reformismo contemporâneo mostra o quanto são “modernos” (sic!).
A vitória do desvio de direita nos Partidos Comunistas dos Países capitalistas equivaleria à derrocada ideológica dos Partidos Comunistas e a um fortalecimento enorme da social-democracia. E o que significaria esse fortalecimento enorme da social-democracia? Significaria reforçar e consolidar o capitalismo, pois a social-democracia é o principal apoio do capitalismo dentro da classe operária. Portanto, a vitória do desvio de direita nos Partidos Comunistas dos países capitalistas conduziria ao desenvolvimento das condições necessárias para a manutenção do capitalismo (STALIN, 1928)07.

Desta forma, os reformistas e revisionistas agem procurando conciliar a luta de classes, e levantando bem alto as bandeiras do pacifismo, da legalidade (burguesa) e da institucionalidade (as vezes até reforçando o sentimento ufanista e chauvinista dissimulados pela imprensa burguesa), os reformistas geralmente conseguem mais adeptos entre as massas quando a luta de classes não está suficientemente acirrada. Neste sentido, até pela sua própria sobrevivência, combatem veemente o acirramento da luta de classes, pois ela levaria inevitavelmente a elevação do nível de consciência das massas, passando para uma consciência superior e revolucionária, desfazendo-se assim mais rapidamente dos seus dirigentes reformistas. Entretanto, uma vez que isso ocorre, é possível haver mudanças dialéticas dentro da própria base das agremiações reformistas, com muitos militantes avançando também até uma consciência mais revolucionária, rompendo em muitos casos com o reformismo. Acirrar a luta de classes é o meio mais eficiente para desmascarar e esmagar as concepções reformistas e as ilusões legalistas presentes na luta popular.
A luta ideológica do marxismo revolucionário contra o revisionismo, iniciada no fim do século XIX, nada mais é que o prelúdio dos grandes combates revolucionários do proletariado, que, apesar de todas as vacilações e debilidades dos filisteus, avança até o triunfo completo da sua causa (LENIN, 1908)08.

5 - Por sua vez, a luta tenaz contra o oportunismo pode conduzir, quase que em um espírito instintivo de autodefesa, para um “entrincheiramento” cego, petrificando a ideologia revolucionária, e transformando seus conceitos científicos em dogmas cristalizados. Por isso, chamamo-los de principistas ou dogmáticos. Segundo Lenin, o marxismo não pode ser considerado como um “dogma morto” ou uma “doutrina acabada, pronta, imutável” mas sim um verdadeiro “guia vivo para a ação” (LENIN, 1910)09. É preciso manter a crítica contundente ao revisionismo contemporâneo sem incorrermos no seu erro inverso, que é submeter as dinâmicas relações sociais e políticas a esquemas preestabelecidos, ou transpor mecanicamente experiências revolucionárias sem adaptá-las aos contextos atuais e que variam de acordo com as particularidades de cada país e de cada região. Sem abrir mão de princípios e das leis objetivas do desenvolvimento histórico, não devemos temer analisar profundamente a realidade concreta, empregando a teoria científica para melhor entendê-la, adaptando a teoria à prática, empregando-a para melhor servir a nossa atuação prática, e não tentando moldar a realidade (ou seja, deturpando a interpretação correta desta) para que ela possa melhor se adequar aos postulados “científicos”, que neste aspecto já não podem ser encarados como científicos, e sim como dogmas abstratos e metafísicos. A análise concreta da realidade concreta é a verdadeira fonte dos revolucionários científicos, sem a qual nenhuma análise científica séria, por melhor embasada teoricamente que seja, poderia se desenvolver e contribuir para o entendimento da situação e a aplicação de uma política correta. Tantos são os desvios ideológicos que enfrentam os revolucionários científicos, que acabam ignorando a luta contra o dogmatismo e o purismo, e quando isto ocorre se perde de vista um dos aspectos mais vitais do marxismo, que é a sua dinamicidade e sua ligação com a realidade objetiva, e que, por sua vez, está em constante movimento. Neste sentido,
ao perdê-lo de vista, fazemos do marxismo algo unilateral, disforme, morto, arrancamos sua alma viva, minamos suas bases teóricas cardeais: a dialética, a doutrina do desenvolvimento histórico multilateral e cheio de contradições; debilitamos sua ligação com as tarefas práticas determinadas da época, que podem mudar com cada nova viragem da história (LENIN, 1910)10.

6 - Um outro segmento, ligados ao intelectualismo de cunho pequeno-burguês e muito comum, sobretudo entre os estudantes universitários, se baseia no endeusamento da teoria, e sua superioridade sobre a prática, mesmo que de forma não admitida. Afinal, tais “intelectuais” “estudam” tanto que não possuem tempo para militar ou sequer para vivenciar uma mínima experiência com as massas proletárias da periferia. Acusam os verdadeiros comunistas de defenderem um “marxismo vulgar”, esquecendo-se que não existe nada mais vulgar que seu cretinismo intelectual que só alimenta o seu ego, de nada servindo à classe operária. Devido ao culto pela “excelência” (unicamente formal) das ideias e das teorias – além também dos diplomas e pontos no currículo – os denominamos de academicistas. Estes senhores nunca compreenderam a dialética, e nem muito menos a importância da práxis no desenvolvimento do conhecimento. Se julgam “experts” no marxismo, mas dele não aprenderam nem seus pressupostos mais básicos e fundamentais, ou seja, de que não se pode entender uma realidade concreta apenas na base dos estudos teóricos, sem vinculação com a luta revolucionária cotidiana.
A teoria materialista-dialética do conhecimento põe a prática em primeiro lugar, sustentando que o conhecimento não pode estar, em nenhum grau, desligado da prática, e rejeitando todas as teorias erradas que negam a importância da prática e desligam o conhecimento da prática (TSÉ-TUNG, 1937)11.

Por isso, frequentemente costumam debochar e olhar com desprezo para o movimento proletário, criticando com frequência os “erros” do socialismo e de sua “burocratização”, como se as concepções ideais pudessem ser realizadas sem nem mesmo estarem disponíveis as condições práticas de sua efetivação. Se enojam dos “horrores” de uma ditadura proletária e bravejam ferozmente contra seus “excessos”, mas fazem isso porque não compreendem o que é uma revolução, exceto em seu romantismo idealista. São os típicos representantes da pequena burguesia dita “progressista” que temem que a revolução proletária possa ir até o fim, e seus preconceitos contra o que chamam de “deturpações” do socialismo nada mais são do que os preconceitos que possuem contra os operários e camponeses em geral. É por estas razões que entendemos que “a luta contra a ideologia pequeno-burguesa e as suas manifestações é uma das mais importantes tarefas que o Partido deve executar no seu trabalho geral e, em particular, no seu trabalho ideológico.” (HOXHA, s.d.)12.

7 - No campo oposto, temos os obreiristas e empiristas, que desprezam ou secundarizam a importância dos trabalhos intelectuais e da teoria, além de um repetido preconceito contra as camadas médias que se ligam a luta revolucionária. Primeiramente, os revolucionários modernos só puderam evoluir para um projeto complexo e científico de revolução e de Estado após muitos estudos, debates, disputas de ideias e superação e aprofundamento contínuo das mesmas. Se é verdade absoluta que só é possível conhecer uma realidade efetivamente estando inserido nela, é também verdade inquestionável que jamais se poderão conhecer plenamente seus mecanismos mais profundos e menos sensíveis, bem como as sutilezas das estruturas sociais e das ações partidárias (e até a nível de governo), sem o domínio da ciência do proletariado. Teria podido Lenin liderar os bolcheviques russos ao poder sem um estudo minucioso da realidade local e das contradições de suas estruturas? Seria possível a Marx e Engels elaborar suas teorias científicas sem um estudo complexo de toda a teoria filosófica, social e econômica existentes? Quantos males já se causou ao movimento revolucionário não se conhecer corretamente o terreno, as correlações de força, não se aprofundar o debate e até, não raramente, o mínimo conhecimento histórico do passado? Os revolucionários que desprezam a importância dos estudos, enquanto que manifestadamente ou não implementam uma exaltação de um praticismo militante, incorrem em um severo erro, desarmando à Organização e abrindo caminho para a adoção de políticas desastrosas. Por sua vez, a discriminação contra a teoria geralmente é acompanhada de uma repulsa sectária contra os revolucionários que pertençam às camadas médias ou altas. É fato que um companheiro que tenha origens burguesas ou pequeno-burguesas terá mais dificuldade de se libertar da ideologia liberal e burguesa. Por outro lado, é preciso lembrar que todas as classes sociais, inclusive as parcelas mais proletarizadas da população, não estão imunes a esta ideologia. A experiência prática de vida, sofrendo as explorações cotidianas do sistema, é um enorme aliado nesta luta contra a cooptação ideológica. Mas além desta, a teoria científica revolucionária também é um aliado poderosíssimo. Sendo assim, um proletário que não estuda não está menos vulnerável do que um intelectual pequeno-burguês frente à cooptação ideológica do sistema. Portanto, os militantes socialistas não devem se deixar levar por estas posições equivocadas, devendo contribuir em duas frentes, como historicamente sempre fizeram: ajudando os intelectuais e pequeno-burgueses que queiram ingressar na luta revolucionária para que possam superar aos poucos seus desvios ideológicos oriundos de suas classes – e neste sentido, a experiência constante de contato com as massas proletárias e sua participação na luta ombro a ombro com elas seria de grande valia –, como estimular tenazmente os estudos, os debates e o enriquecimento teórico em geral de todos os militantes, ensinando a ler os que não sabem e incentivar e cobrar aos que não querem por não gostar. “A tendência dos militantes ocupados no trabalho prático para não fazer caso da teoria contradiz por completo o espírito do leninismo e está cheia de graves perigos para a nossa causa” (STALIN, 1924)13.

8 - Os sectários, também conhecidos por serem “ultra-vanguardistas” ou esquerdistas, representam o oitavo perigo para o movimento revolucionário do proletariado. Não sendo necessariamente divisionistas, terminam por jogar no mesmo campo que estes. Defendem a revolução, mas recusam-se a aceitar as conquistas práticas dos trabalhadores como um processo importante para o avanço de consciência das massas. Menosprezam também a importância das frentes legais de luta, profanando um completo desprezo a todo e qualquer espaço institucional, mesmo em períodos democráticos. Se voltam assim, contra os mais elementares princípios da luta revolucionária científica, que preza pela combinação entre as formas legais e ilegais de luta, priorizando (sem abrir mão completamente) de uma ou de outra a depender do regime político e da conjuntura específica da luta de classes em determinado contexto. Desconhecem a necessidade vital da flexibilidade tática, recusando-se a empregar as mais variadas formas de luta, misturando tática com estratégia, confundindo meios com fins, e transformando estupidez em virtude.
Os revolucionários não podem prever de antemão todas as variantes táticas que podem apresentar-se no curso da luta por seu programa libertador. A real capacidade de um revolucionário se mede por sua habilidade em encontrar táticas revolucionárias adequadas para cada mudança de situação, em ter em mente todas as táticas possíveis e em explorá-las ao máximo (GUEVARA 1961)14.

Por tanto ódio contra os grupos “menos revolucionários” (ou as vezes apenas menos sectários que eles) acabam por confundir os trabalhadores de seus reais e principais inimigos, ou seja, a burguesia, o capital, o imperialismo e o latifúndio. Em virtude disso, adotam discursos e práticas isolacionistas e não fazem alianças com outros grupos de esquerda, e os atacam incessantemente e até mais que os grupos de direita, não contribuindo em nada na educação política dos trabalhadores e até mesmo gerando certa confusão em seu seio. Assim, combater o sectarismo dentro do movimento revolucionário é uma condição sine qua non para o avanço dialético da consciência revolucionária no seio do proletariado.
Basta dizer, como dizem os comunistas de esquerda alemães e ingleses, que não aceitamos senão um caminho, o caminho reto, que não admitimos manobras, acordos e compromissos, para que isso se torne um erro que pode causar, e em parte já causou e continua causando, os mais sérios prejuízos ao comunismo. O doutrinarismo de direita obstinou-se em não admitir senão as formas antigas e fracassou do modo mais completo por não ter percebido o novo conteúdo. O doutrinarismo de esquerda obstina-se em repelir incondicionalmente certas formas antigas, sem ver que o novo conteúdo abre seu caminho através de todas as espécies de formas e que nosso dever de comunistas consiste em dominá-las todas, em aprender a completar umas com as outras e a substituir umas por outras com a máxima rapidez, em adaptar a nossa tática a qualquer modificação dessa natureza (LENIN, 1920)15.

9 - A corrente do liberalismo, embora extremamente oposta ao pensamento revolucionário, ligado ao coletivismo, sempre conseguiu se infiltrar com muita força dentro das organizações revolucionárias e se constitui em recorrente empecilho ao desenvolvimento das capacidades e qualidades dos militantes. Isto não é difícil de se compreender. Devido ao fato de vivermos dentro de uma sociedade burguesa, os revolucionários podem perecer de determinados males fruto do reflexo de viverem e atuarem nesta mesma sociedade que procuram dissolver. Um dos males mais comum entre os militantes são os desvios de caráter egoísta e individualista. Ainda mais comum entre os membros oriundos da classe pequeno-burguesa, pouco habituados a vida em coletivo, estes militantes podem manifestar várias características que vão de encontro ao espírito do centralismo-democrático. Achando-se não raro superiores ao coletivo, costumam desdenhar deste e acharem que estão sempre certos, mesmo que a prática demonstre o contrário, semeando o fracionismo e o voluntarismo dentro das organizações revolucionárias. Não ocasionalmente, se enfurecem contra o rígido e necessário aspecto moral da vida revolucionária, pois não querem se desfazer de seus vícios pequeno-burgueses. Costumam, ao mesmo tempo em que defendem de boca a revolução proletária, ter um estilo de vida completamente oposto ao que se espera de um revolucionário, defendendo nos campos da cultura e da moral as posições mais niilistas e liberais possíveis. Em determinados contextos, podem ser propensos a adotar e defender posições aventureiras, completamente fora da realidade ou até mesmo expondo o partido a táticas e ações suicidas do ponto de vista político ou até de segurança. A estes senhores, os rotulamos de espontaneístas e individualistas.
Em matéria de moral, a negação dos princípios universais apega-se às diversidades geográficas e históricas dos costumes e dos princípios morais; e, confessando-se a necessidade inevitável do mau e do perverso em moral, acredita-se livre da obrigação de reconhecer a comprovada vigência e a ação eficaz de padrões morais coincidentes. Esse ceticismo dissolvente, que se exerce não contra tal ou qual falso ensinamento objetivo, mas contra a própria capacidade que tem o homem de obedecer a uma moralidade consciente, atinge mesmo alguma coisa pior que o puro niilismo… Ele tem a ilusão de, facilmente, poder governar o seu tumultuoso caos de noções morais desagregadas e de poder abrir as portas ao Capricho destituído de princípios (ENGELS, 1877)16.

O niilismo, o espontaneísmo e o individualismo, enquanto expressões do liberalismo, representam a completa falta de fé no progresso da revolução e na completa repulsa ao coletivo, estimulando o egocentrismo exacerbado e os instintos típicos de uma vida indisciplinada baseada no ócio e nos prazeres imediatos. É preciso unir, em um só corpo, os interesses individuais aos interesses do Partido, associando plenamente nossas vidas à causa e à luta revolucionária, vivendo de acordo e em função dela, preferindo errar em conjunto com os camaradas a ter que acertar sozinho. Defender a disciplina do partido, ou seja, à submissão do militante ao coletivo e seus organismos dirigentes, é uma necessidade vital para o crescimento qualitativo dos militantes revolucionários, para que sejamos desde já o exemplo do embrião da sociedade vindoura que iremos criar.
O interesse pessoal está ligado ao interesse coletivo. Se o interesse pessoal está em contradição com o interesse coletivo, a moralidade revolucionária manda que o primeiro seja subordinado ao segundo. (...) O individualismo amarra suas vítimas, venda-lhes os olhos; elas se deixam guiar por suas ambições e seus interesses pessoais e não pensam no bem-estar da classe operária e do povo. O individualismo é um inimigo cruel do socialismo. O revolucionário deve aniquilá-lo.” (MINH, 1958)17.

10 - Por fim, dentro do campo da esquerda os últimos inimigos dos revolucionários científicos são os horizontalistas e autonomistas. São denominados assim por costumeiramente adotarem concepções com vícios oriundos do basismo e do democratismo, alardeando contra a existência de “direções”, defendendo assim a ausência da vanguarda e a ação espontânea das massas – e até mesmo dentro de organizações costumam se voltar frequentemente contra a existência do que denominam sempre ser uma “cúpula burocrática e autoritária”. Repudiam a hierarquia, e mesmo em seus setores mais moderados, ela é vista como uma forma onde se gera poder, sendo portanto condenável (sic!). A representatividade, mesmo a eleita democraticamente pelas bases, nunca é plenamente aceitada, e sua luta dentro dos movimentos sociais e organizações populares se baseia, no que para eles é uma questão de “princípios”, em se voltar contra sua direção, alegando via de regra falta de “democracia”, “transparência” e tudo o mais que puderem incluir para procurar deslegitimar toda e qualquer direção. Fazem isso não apenas devido aos seus desvios de democratismos, mas sim porque conscientemente ou não, sabem que sem uma direção única, centralizada e coesa, qualquer organização ou movimento fica cego e perdido. Neste sentido, sua luta contra as “direções representativas” se constituí em uma luta liquidacionista contra os movimentos sociais organizados, buscando destruí-los (por dentro ou por fora), para que assim o povo fique sem sua vanguarda dirigente, inviabilizando assim o triunfo revolucionário das massas populares. Ora, uma organização de vanguarda não poderá sequer sobreviver enquanto organização revolucionária se sua direção não for composta por um grupo preparado, dotado de uma unidade política e ideológica indestrutível, com uma vontade única capaz de chegar de forma uniforme a todas as bases, e através delas, ao povo. Também é típico dos autonomistas pregar o “antipartidarismo” ou a rejeição pura e simples a todo tipo de organização partidária (isto é, política). Atacam todos os partidos políticos como se todos fossem necessariamente iguais em sua finalidade, ou seja, o poder – como se o poder pudesse ser um fim em si mesmo (sic!). Vejamos como Lenin argumenta contra estes oportunistas vulgares que zombam da luta política:
A independência em relação aos partidos não pode, pelo menos, deixar de passar a ser uma palavra de ordem da moda (exatamente como nos dias atuais!), pois a moda se agarra impotente ao reboque dos acontecimentos, e uma organização sem cunho partidário aparece precisamente como o fenômeno mais ‘comum’ da superfície política; democratismo à margem dos partidos, movimento grevista à margem dos partidos, revolucionarismo à margem dos partidos. (...) Numa sociedade baseada em classes, a luta entre as classes hostis converte-se de maneira infalível, numa determinada fase de seu desenvolvimento, em luta política. A luta entre os partidos é a expressão mais perfeita, completa e acabada da luta política entre as classes. (...) A posição negativa diante dos partidos na sociedade burguesa não é senão uma expressão hipócrita, velada e passiva de quem pertence ao partido dos que estão empanturrados, o partido dos que dominam, o partido dos exploradores. A posição negativa diante dos partidos é uma ideia burguesa. O espírito de partido é uma ideia socialista. (LENIN, 1905, parêntesis do autor)18.

Neste sentido, é fundamental entendermos que a luta contra os partidos, na verdade é uma luta contra a revolução, pois “sem um Partido revolucionário, a classe operária é como um exército sem Estado Maior. O Partido é o Estado Maior de combate do proletariado.” (STALIN, 1924). Para tentar afastar as massas do caminho revolucionário, estes segmentos oportunistas procuram frequentemente assustá-las contra os atos “autoritários” dos comunistas. Dizem que as organizações revolucionárias científicas procuram “aparelhar” as entidades e usar o povo como “massa de manobra”. Chegam ao cúmulo de criticarem até mesmo a existência de lideranças, taxando todas elas como ruins para o povo. Dizem que os chefes revolucionários só querem o “poder”, e uma vez com ele, usariam do autoritarismo para impor uma “ditadura contra o povo”. A direção, a autoridade, a hierarquia, a representatividade e até mesmo a liderança seriam, por excelência, algo necessariamente ruim, enquanto que o espontaneísmo, a horizontalidade, a pretensa “autonomia individual” e a ausência de quaisquer líderes seria algo necessariamente bom. Sua lógica é tão simples que beira o infantilismo. Vejamos o que Engels diz acerca dos antiautoritários, e como os refutou ideologicamente há mais de um século:
Estes senhores já terão visto alguma revolução? Uma revolução é, certamente, a coisa mais autoritária que há, um ato pelo qual uma parte da população impõe a sua vontade à outra, com auxílio dos fuzis, das baionetas e dos canhões, meios por excelência autoritários; e o partido que triunfou tem de manter a sua autoridade pelo temor que as suas armas inspiram aos reacionários. Se a Comuna de Paris não se tivesse utilizado, contra a burguesia, da autoridade do povo em armas, teria ela podido viver mais de um dia? Não poderemos, pelo contrário, censurá-la por não ter recorrido suficientemente a essa autoridade? Assim, pois, de duas uma: ou os adversários da autoridade não sabem o que dizem, e nesse caso só fazem criar a confusão, ou o sabem, e nesse caso traem a causa do proletariado. Em qualquer dos casos não fazem senão servir à reação. (ENGELS, 1873)19.

Frequentemente, em determinado momento da luta, é natural que um revolucionário possa incorrer, uma vez ou outra, em alguns destes erros. Portanto, a crítica e a autocrítica sincera devem fazer parte do aprendizado contínuo e dialético de todos os que lutam pela revolução. Os que erram e reconhecem o desvio, se fortalecem e se forjam como quadros, tendo como referência a máxima de que “o importante não é justificar o erro, mas impedir que ele se repita” (GUEVARA, 1961)20. Os que negam a autocrítica, ou a fazem da boca pra fora, sem qualquer reflexão sincera, e terminam por assumir o desvio ideológico como uma virtude, incorporando-o à sua práxis revolucionária diária, prejudicam a luta revolucionária e se constituem em potenciais inimigos do proletariado. Não adianta, ao militante revolucionário, combater tenazmente alguns dos desvios aqui mencionados, mas incorrer em outros, que eventualmente podem ser tão ou até mais nocivos dos que os que costuma criticar. Tampouco qualquer militante ou organização revolucionária que se preze poderá se considerar livre ou imune de quaisquer destes desvios, porquanto permaneça de pé a sociedade burguesa as ideias contrarrevolucionárias sempre existirão, podendo ou não permear e corromper as organizações revolucionárias. Historicamente, está comprovado que somente uma luta incessante e incansável poderá defender a Organização revolucionária das ideias do inimigo de classe.

Comportando-se como uma fortaleza intransponível, a Organização deve marchar resolutamente unida contra os desvios ideológicos, prezando pelo caráter monolítico de sua direção e pela solidez inquebrantável de suas fileiras. A crítica fraterna e um paciente trabalho dialético devem ser sempre utilizados em casos de vacilação de qualquer militante, rejeitando-se os métodos burocráticos, autoritários e mandonistas na condução do debate ideológico, que nada contribuirão para o engrandecimento da Organização. Entretanto, a crítica fraterna jamais deverá ser confundida com leniência, e em caso de expansão dos desvios ideológicos dentro da Organização, é preciso que dos revolucionários, não haja nenhuma mínima vacilação na luta enérgica para manter a unidade partidária em consonância com a defesa dos princípios revolucionários científicos, sem os quais nada de verdadeiramente novo será possível ocorrer.

— Rodrigo Dantas


*Por força da necessidade e para facilitar o entendimento e a compreensão, decidimos agregar em um mesmo tópico alguns desvios não absolutamente idênticos, mas que obedecem os mesmos padrões, além de possuírem a mesma raiz ideológica senil, poupando-nos da obrigação insólita de repetir argumentos praticamente idênticos em distintas passagens deste trabalho.

0HOXHA, Enver. A Luta Ideológica e a Educação do Homem Novo, S.D.

02 MARX, Karl. Manuscritos Econômico Filosóficos, 1844.

03 ZHDANOV, Andrei. Contra o Subjetivismo nas Ciências da Natureza, S.D.

04 LENIN, Vladimir Ilitch. A Propósito das Palavras de Ordem, 1917.
05 DIMITROV, Georgi. O Verdadeiro Senhor do Mundo é o Proletariado, 1935.
06 LENIN, Vladimir Ilitch. Materialismo e Empiro-Criticismo: Notas e Críticas Sobre uma Filosofia Reacionária, 1909.
07 STALIN, Josef. Perigo de Direita no Partido Comunista (Bolchevique) da URSS, 1928.
08 LENIN, Vladimir Ilitch. Ilitch Marxismo e Revisionismo, 1908.
09 LENIN, Vladimir Ilitch. Algumas Particularidades do Desenvolvimento Histórico do Marxismo, 1910.
10 Ibidem.
11 TSÉ-TUNG, Mao. Sobre a Prática: Sobre a Relação entre o Conhecimento e a Prática — A Relação entre Conhecer e Agir, 1937.

12 HOXHA, Enver. A Luta Ideológica e a Educação do Homem Novo, S.D.

13 STALIN, Josef. Sobre os Fundamentos do Leninismo, 1928.

14 GUEVARA, Ernesto. Cuba: Exceção histórica ou vanguarda na luta anticolonialista?, 1961.

15 LENIN, Vladimir Ilitch. Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo, 1920.
16 ENGELS, Friederich. Anti-Dühring, 1877.

17 MINH, Ho Chi. Da Moralidade Revolucionária, 1958.

18 LENIN, Vladimir Ilitch. O Partido Socialista e o Revolucionarismo sem Cunho Partidário, 1905.
19 ENGELS, Friederich. Sobre a Autoridade, 1873.

20 GUEVARA, Ernesto. Discurso na Primeira Reunião Nacional de Produção, 1961.