sábado, 4 de janeiro de 2014

Cuba desenvolve redes sociais para combater bloqueio aos portais populares

Os cubanos denunciam que suas contas privadas no Facebook e no Twitter sofreram bloqueios e censura. Por isso se desenvolveram redes sociais nacionais alternativas que vêm ganhando popularidade entre os habitantes da ilha. “Em atos como o 1º de maio, quando os cubanos se reuniram para promover esse tipo de ato no Twitter, foram fechadas em massa as contas de muitos cubanos”, comentou o jornalista e blogueiro Manuel Enríquez Lagarde.


Muitos cubanos denunciam que acontecem coisas muito estranhas com suas páginas e perfis nas redes sociais mais populares. Desaparecem com frequência os tweets ou há um bloqueio massivo das postagens que às vezes coincidem com datas memoráveis para os cubanos. Nestes casos nem sempre é possível determinar quem interfere nos murais das redes sociais. E ainda mais quando, em algumas ocasiões, parecem simples falhas técnicas.



Tendo redes sociais próprias e armazenadas digitalmente em Cuba, sua população corre menos risco de ser silenciada no mundo virtual, pelo menos no que se refere ao espaço Ponto CU, La Tendedera e Reflejos são as alternativas cubanas ao Facebook e ao Livejournal que começaram a ter grande popularidade no país. “Há muitas ferramentas que são úteis, sobem vídeos, sobem imagens, se compartilha música, além da interatividade dos próprios usuários”, comenta um internauta cubano. “Para uma página nova, tem muitas possibilidades. A nós, usuários cubanos que a estamos usando, nos dá muita alegria utilizar essa página porque nos deu muita abertura”, acrescentou outro usuário.



O grupo de desenvolvedores CubaVa agora está trabalhando no Pitazo, um projeto que deverá ser a réplica do Twitter. Ele vai contar com possibilidades de interagir, colocar anúncios e promoções e também incluir espaços para a busca de trabalho. Assim como no caso da La Tendedera, o desenho da interface terá temas nacionais. “Queremos criar a alternativa de uma rede social que seja manejada com princípios cubanos, com coisas para os cubanos, quer dizer, coisas que são baseadas em nossas raízes, em nossos princípios, porque muitas redes sociais internacionais são muito gerais e no final não te identificas com a rede”, comentou Julio César Torres, desenvolvedor principal da La Tendedera.



Para muitos cubanos que não têm internet em suas casas, as redes sociais nacionais são uma forma de não perder contato com familiares e amigos. Os centros de computação especializados oferecem as ferramentas necessárias para atualizar constantemente o perfil de cada um. E ainda que os criadores destas páginas falem com muita cautela sobre o futuro de seus serviços, não descartam que suas ideias possam interessar para além do território da ilha. “Todos estes projetos que estão sendo levados a cabo pelo grupo CubaVa é um pequeno passo em um futuro onde tenhamos uma independência tecnológica, uma independência tecnológica para que se saibam realmente as coisas de Cuba. E se conseguimos crescer como pensamos, é muito possível obter alguma colaboração de alguns países da América latina, dependendo do crescimento que tenhamos e da aceitação que tenha todo o projeto”, acrescentou Torres.



É evidente que as redes sociais da ilha não se propõem a conquistar o ciberespaço como fizeram Twitter e Facebook. Mas o fato de que Cuba deu seus primeiros passos nesse terreno significa que o país caribenho vai em uma direção que lhe vai permitir deixar no passado a percepção de que a ilha e a internet são duas palavras desconectadas.



- Fonte: CubaDebate. Tradução de Alexandre Haubrich